Série de Textos: Psicoterapias
Texto 7:
Conhecendo algumas Abordagens de
Psicoterapia – Parte IV
Nesse texto descreverei as duas
ultimas Abordagens Psicoterápicas do Grupo II:
A PSICOLOGIA E PSICOTERAPIA
TRANSPESSOAL
A Psicologia Transpessoal é uma
ciência que estuda o ser humano em sua totalidade. A visão de mulher e homem
não se reduz ao ser na sociedade, mas em suas relações cósmicas e ecológicas. A
psicologia transpessoal envolve também a física, química, matemática,
antropologia, sociologia, astronomia, metafísica e a medicina, tornado-se
intercultural.
A psicologia transpessoal tem
embasamentos na psicanálise, psicologia analítica (Junguiana), behaviorismo,
psicologia humanista, e, especificamente estuda estados de consciência que
transcendem a pessoa e o conceito do ego. Sendo assim, muito bem definida como
o estudo científico de estados de consciência.
A psicologia transpessoal se faz
em um modelo muito idêntico aos moldes quanta-relativístico da física moderna
sub-atômica (Matos, 1978), no qual, estes procuram oferecer uma visão integrada da teoria de quantum e
relatividade. O universo todo (matéria/energia) esta em constante mudança e é
indivisível, sendo uma entidade dinâmica. Capra (1975) diz:
“Na física moderna, o universo é
então experienciado como um todo dinâmico e inseparável que sempre inclui o
observado de uma maneira essencial. Nesta experiência os conceitos tradicionais
de espaço e tempo, de objetos isolados, e causa e efeito, perdem o seu
sentido.”
A Psicologia Transpessoal é tão
remota quanto a humanidade, e este “approach” cósmico para o entendimento do
homem já era exercitado a mais de 5000 anos pelas civilizações pré-colombianas
da América, na Índia, no Tibete e pelos antigos egípcios.
A Psicologia Transpessoal, no
ocidente, foi constituída por um grupo de cientistas que perceberam a grande
importância para o ramo da ciência do comportamento humano estudar e colocar em
prática vários níveis de consciência, ocupando-se do estudo científico empírico,
e da implementação responsável de descobertas científicas proeminentes para:
meta-necessidade (sociais e individuais), caminhos espirituais, consciência
unitiva, valores supremos, experiências de topo, êxtase, valores-B,
experiências místicas compaixão, bem-aventurança, essência, auto-atualização, o
sentido final de tudo, unicidade, transcendência do “self” e do espírito,
sinergia individual e total das espécies, consciência cósmica, sacralização da
vida de cada dia, teorias e práticas de meditação, auto-humor cósmico,
habilidade de desfrutar a vida de uma maneira positiva, fenômenos
transcendentais, etc.
O processo da Psicoterapia
Transpessoal, tendo por referencial o ‘spectrum’ total de níveis da
consciência, mostra que a evolução humana ou o desenvolvimento psicológico
ocorre em estágios de crescente integração e transcendência em direção à
totalidade (Deus, Cosmos ou Atman).
O contexto da psicoterapia pode
ser visto como uma oportunidade para o homem ver e vivenciar o mundo
transpessoalmente, isto é, além da mera identidade pessoal ou da história
biográfica.
O processo psicoterapêutico
transpessoal desenvolve-se então em duas etapas interligadas:
1) Crescimento Pessoal:
.Representado pelas experiências
da pessoa como entidade diferenciada;
.Requer trabalho de integração
da personalidade individual em seus níveis, físico, emocional e mental. A
personalidade deverá harmonizar-se e para que o Self possa estabelecer sua ação
sobre a personalidade, temos que equilibrá-Ia e, assim colaborar para que o
Self se integre.
.Meta: realização pessoal.
2) Crescimento Transpessoal:
.Representado pelas experiências
do indivíduo como parte integrante de um “todo” maior. Essas experiências implicam
na expansão da consciência além das limitações do ego e das limitações de tempo
e espaço como são percebidas na consciência comum ou de vigília;
.O trabalho deste nível requer a
desidentificação com as restrições da personalidade individual;
.Meta: auto-consciência.
Esses dois crescimentos, o
pessoal e o transpessoal são vistos como distintos, mas não podem ser
separados, ou seja, o trabalho de conexão entre a consciência pessoal e a
transpessoal é fundamental quando o resultado que se espera é a integração
total ou holística da pessoa. Holístico vem do grego Holos significa todo,
inteiro.
A PSICOTERAPIA EXPERIENCIAL DE E. GENDLIN
Em 1957, Eugene Gendlin dá origem
a teoria experiencial, primeiro, mostra a especificidade da psicoterapia existencial
para, em seguida, apresentar sua compreensão do que seja a psicoterapia
experiencial. A terapia existencial é uma terapia relacional, paciente e
terapeuta, vivem para além das estruturas. As pessoas são existências, não
definições. A busca das soluções entre o cliente e o seu terapeuta não está no
passado nem no interior da pessoa, mas em viver radicalmente aberto às
alternativas da existência.
Já a Psicoterapia Experiencial
trabalha com algo mais concreto, isto é, não busca as emoções nem as palavras,
mas sim se preocupa em explicitar “um sentimento direto da complexidade das
situações e de suas dificuldades”.
Concluímos que Gendlin está
preocupado em localizar, no ser humano, e trabalhar com isso, um aspecto
pré-verbal da vivência. Logo, seu trabalho é com o pré-conceitual, o
pré-verbal, o corporal, pois o que lhe provoca a mudança é ajudar o cliente a
entrar em contato com essa realidade mais concreta, e não com as elaborações
conceituais.
A teoria e prática de Gendlin
estão inseridas nas chamadas pisco- corpo – terapias e na psicoterapia
contemporânea. Desde o início da
psicanálise, a maioria das terapias era verbal. A palavra foi o veículo para
trazer as memórias de experiência ou expressar emoções, usando a palavra para
interpretar (psicanálise), utilizado para ação de condicionamento
(behaviorismo) para a imagem guiada (cognitivismo, sonho dirigido) ou para o
reflexo do sentimento (Rogers).
Os anos 70 foi uma recuperação do
corpo para a psicologia e também para a psicoterapia. Poderíamos resumir em um
slogan: "Além de a palavra é o corpo. E mais aquém da palavra, também é o
corpo.” Mesmo tendo uma teoria da personalidade e cambio terapêutico, mas
sempre com o corpo experimentado e analisado como ponto de referência da tarefa
terapêutica.
Próximo e ultimo texto da série,
descreverei sobre a Psicanálise que está inclusa no Grupo III da classificação
das Abordagens.
Rodrigo Lupes
Psicólogo Clínico e Psicoterapeuta
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