Texto 4:
Conhecendo algumas Abordagens de
Psicoterapia – Parte I
As abordagens podem ser
classificadas em três grandes grupos, a partir de seus entendimentos de mundo e
de homem, o que resultará em demarcações de objetos próprios de trabalho e
técnicas específicas dentro de cada grupo:
Grupo I: Estão as abordagens que
centralizam a técnica no comportamento. Estabelecem aqui as abordagens de
orientação Behaviorista, que têm como fundamento filosófico o neo-positivismo.
Grupo II: Pertencem as abordagens
com foco sobre a experiência e sobre a existência, estabelecendo dois
subgrupos: as abordagens Fenomenológico/Existenciais e as Humanistas. No
primeiro temos a Análise Existencial, de Medard Boss e Ludwig Binswanger e a
Psiquiatria Fenomenológica, de K. Jaspers, E. Minkowsky, J. H. Van den Berg e
outros. No segundo subgrupo encontra-se a Psicoterapia Centrada no Cliente, de
Carl R. Rogers; a Gestalt-Terapia, de Fritz Perls; a Psicoterapia Experiencial;
de Eugene Gendlin e a Psicologia Transpessoal, de Abraham Maslow.
Grupo III: abordagens com enfoque
sobre o inconsciente e sobre a linguagem – as Psicanalíticas: a Psicanálise
freudiana e as resultantes de suas transformações e re-leituras, como as
procedidas por Adler, Jung, H. H. Sullivan, Karen Horney, Melanie Klein,
Jacques Lacan, etc.
Do grupo I, descreverei sobre as
terapias de inspiração Behaviorista.
Têm como meta a modificação de comportamentos.
Para os Behavioristas, o homem é um organismo que se comporta, é um conjunto de
ações determinadas ou forjadas pelas contingências ambientais, via
reforçamento, punição, extinção, condicionamento, etc. Ele é fruto do seu meio,
um ser passivo, um produto do mundo, governado e sujeito às mesmas leis que
regem os demais fenômenos naturais; ele não é um ser à parte da natureza. Esse
pensamento é a raiz dos trabalhos e pesquisas com pequenos animais nos
laboratórios de Psicologia que, entendida, então, como Ciência Natural, pode
utilizar os mesmos métodos de estudo que empregam a Física, a Química, a
Biologia, etc. O objetivo de modificação dos comportamentos considerados
inadaptados é alcançado através da mudança nas contingências externas,
responsáveis pela manutenção dos mesmos.
Para o Behaviorismo, a queixa do
cliente é o problema a ser trabalhado e o terapeuta deverá recrutar recursos
técnicos para resolvê-lo, para eliminá-lo, via modificação do comportamento
problemático. Podemos citar como exemplo o seguinte: o cliente estaria
apresentando um comportamento depressivo e na terapia procuraria investigar e
determinar as contingências de reforçamento que o estivessem mantendo, para
tentar eliminá-las, extinguindo o comportamento em questão. Um outro
comportamento, considerado apropriado àquela situação de estímulos que antes
mantinha a depressão seria, então, instalado, reforçado, fortalecido.
As Abordagens Comportamentais podem
ser indicadas e úteis para tratar praticamente todos os problemas de saúde e de
comportamento de atuação do psiquiatra ou do psicoterapeuta, como:
- Fobias específicas;
- Agorafobia com ou sem pânico;
- Fobia social;
- Transtornos de ansiedade;
- Transtorno obsessivo-compulsivo;
- Disfunções sexuais: em especial ejaculação precoce e vaginismo;
- Dificuldade de relacionamento interpessoal;
- Reabilitação de doentes crônicos;
- Depressão;
- Transtornos alimentares;
- Problemas de comportamento na infância;
- Problemas de comportamento na adolescência;
- Abuso de dependência de álcool e drogas;
- Autoconhecimento.
No caso do autoconhecimento, o
terapeuta auxilia o paciente a explicitar as variáveis que influenciam seu
comportamento, podendo a partir disso, auxiliar a pessoa a modificar seu
ambiente para que possam ocorrer mudanças no seu comportamento, ou seja,
autocontrole.
Nos textos a seguir descreverei
mais abordagens dos grupos citados.
Bom estudo!
Rodrigo Lupes
Psicólogo Clínico e
Psicoterapeuta