quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Série de Textos: Psicoterapias

Texto 8:
Conhecendo algumas Abordagens de Psicoterapia – Parte V

Descrevo nesse texto sobre o ultimo Grupo da classificação das Abordagens de Psicoterapias, o Grupo III : 

PSICOTERAPIAS DE ORIENTAÇÃO PSICANALÍTICA

A Psicanálise surgiu na década de 1890, por Sigmund Freud, que introduziu a ideia de “cura pela fala”. O método psicanalítico consiste na escuta da fala do paciente e interpretação das vivências e comportamentos. É criado um ambiente propício, livre de críticas e julgamentos, para que o paciente se sinta relaxado e seguro para expor tudo que lhe venha à mente: experiências, sonhos, esperanças, desejos, fantasias. O psicoterapeuta escuta e faz suas observações quando percebe o momento adequado para que o paciente tome consciência dos conteúdos que precisam ser esclarecidos.

O objetivo da Psicanálise é descobrir as necessidades, traumas, complexos e tudo aquilo que está “preso” no inconsciente dificultando o equilíbrio emocional, conscientizar o indivíduo dos motivos de seus comportamentos e/ou sintomas, promovendo maior qualidade de vida e compreensão de seus sentimentos e ações.

As abordagens psicanalíticas é uma psicoterapia de percurso, na medida em que o acompanhamento psicoterapêutico frequentemente se estende por vários anos e o psicoterapeuta acompanha a vida da pessoa, semana após semana, podendo observar as dinâmicas do seu funcionamento em múltiplas situações de vida e interações interpessoais.

Como funciona?

A Psicoterapia Psicanalítica é uma talking therapy, isto é, uma terapia pela fala.

O paciente disponibiliza-se a falar, de uma forma sincera e livre, sobre si próprio, sobre a sua situação de vida, acontecimentos do dia-a-dia, experiências emocionais, memorias, fantasias, história de vida, etc., e o terapeuta através do processo de escuta ativa e empática tenta encontrar padrões reveladores do funcionamento psicológico do paciente e interpretar esses mesmos padrões revelando-os ao paciente e dessa forma ajudando-o a conhecer-se melhor, a conhecer melhor o seu inconsciente e os seus mecanismos inconscientes. Para além deste trabalho de observação e acompanhamento a par e passo, a própria relação psicoterapêutica e o seu estudo feito em conjunto pelo par psicoterapeuta-paciente torna-se uma relação transformadora e geradora de novos modelos que têm um efeito potencialmente terapêutico.

A Psicoterapia Psicanalítica faz uso da transferência (fenómeno estudado por Freud, no qual, o paciente transfere para o psicoterapeuta emoções, expectativas, sentimentos, comportamentos, etc., que foram, em determinado período da vida, vividos com pessoas significativas da sua vida, por exemplo, pai ou mãe) como forma de projetar e recriar os conflitos psíquicos e os mecanismos defensivos inconscientes. Transferidos esses sentimentos são identificados, desvelados e analisados pelo psicoterapeuta. Progressivamente o paciente é levado a assumir responsabilidade sobre o seu funcionamento psicológico. O terapeuta faz uso de várias técnicas para atingir os seus objetivos terapêuticos, as principais são: clarificação, confrontação, interpretação, analise e interpretação da transferência e extra-transferenciais, sugestões, esclarecimentos, orientações (pouco), aconselhamento (pouco), auto revelação (pouco).

Bom estudo!

Rodrigo Lupes

Psicólogo Clínico e Psicoterapeuta

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